Patrícia Amorim convidada para chefiar delegação de futebol feminino em Londres 2012 

Apesar de a atividade no blog estar escassa, continuo de olho no que rola no mundo do futebol feminino… e continuo preocupada com os rumos da modalidade. Não apenas pelas três derrotas da seleção no torneio amistoso disputado entre Brasil, Canadá, Estados Unidos e Japão, mas por iniciativas como o convite à presidente do Flamengo para chefiar a delegação nas Olimpíadas de Londres.

Nada contra a Patrícia Amorim, pessoalmente, mas sim ao que ela representa para o futebol feminino. Na única tentativa de iniciar a modalidade em seu clube, a presidente rubro-negra pagou um mico daqueles… Em 2011, ela contratou o ex-treinador do Santos Kleiton Lima e um elenco com 20 jogadoras, algumas com passagem pela seleção brasileira. Anunciado com destaque pela mídia esportiva, o ambicioso projeto seria bancado por um patrocinador (não divulgado) e tinha como meta trazer a rainha Marta para jogar no Brasil.

O que quase ninguém soube é que o futebol feminino do Flamengo começou e acabou naquela entrevista coletiva. Após este evento, o elenco treinou em um CT no interior de São Paulo, mas nunca vestiu oficialmente a camisa rubro-negra. No único torneio que disputaram, treinador e jogadoras tiveram que atuar pelo Bangu porque o Flamengo não enviou representante às reuniões na FERJ e ficou de fora do Campeonato Carioca. Na época, a justificativa dada pelo presidente do Conselho Fiscal rubro-negro, Leonardo Ribeiro, foi de que “a presidente estava com muito trabalho e a situação ficou sem definição”.

Em seguida, o clube divulgou que o objetivo era conquistar a Copa do Brasil Feminina para disputar a Libertadores com Marta no elenco. Mas, meses depois, o Flamengo anunciou o fim de um time de futebol feminino que nunca existiu na prática. E é a responsável por essa bagunça que a CBF quer colocar à frente da deleção de futebol feminino em Londres.

Prefiro acreditar que o novo presidente José Maria Marin não conhecia este histórico de Patrícia Amorim e fez o convite por ela ser a única mulher à frente de um clube de futebol no Brasil. De qualquer forma, isso é só um retrato do descaso com que é tratado o futebol feminino na CBF. É uma modalidade que existe exclusivamente por exigência da FIFA, sem qualquer planejamento ou investimento. Lamentável.